Escrito nas Estrelas é a única novela da Globo exibida atualmente que consegue bons resultados. E, por isso mesmo, encara a possibilidade de ser esticada – a história de Elizabeth Jhin está marcada para terminar em setembro. Um sucesso que passa longe de inovações em uma época em que a televisão tenta, a todo custo, se reinventar. Ao contrário: o texto aposta no romantismo, na velha fórmula dos triângulos – e até quadrados – amorosos, em conflitos entre mãe e filha rebelde e, principalmente, em valores éticos. Ingredientes que aparecem em todos os folhetins, mas que geralmente não são vistos como suficientes para prender a atenção do público. Mas a fórmula batida – tão criticada por muitos profissionais da televisão – pode ser justamente o chamariz para manter a audiência sempre próxima aos 30 pontos de média, pouco a menos que a italiana Passione, mas sempre acima da recém-encerrada Tempos Modernos.
A principal – e, talvez, única – inovação de Escrito nas Estrelas é mesmo a tentativa de gerar um filho de um homem morto. Mas a Globo soube trabalhar bem o tema para que o público não só entendesse o questionamento, como também se interessasse pelo tema. Foi só a novela estrear para que pautas com explicações e exemplos de casos parecidos ganhassem espaço nobre em jornalísticos como o dominical Fantástico. Ampliou o conhecimento e colocou em evidência o problema, fazendo crescer a curiosidade de quem assistia sobre uma situação que não está prevista na legislação nacional.
Para que isso acontecesse, Jhin assassinou seu mocinho Daniel, de Jayme Matarazzo, em um acidente de carro. E logo no primeiro capítulo, para evitar que o público se encantasse com a pureza do jovem médico. Uma atitude inteligente, já que não só iniciou a discussão sobre os limites entre a vida e a morte como também deixou a autora confortável na hora de idealizar o herói romântico de sua história. Longe das tentações e ambições humanas, fica fácil acreditar em tantas virtudes e eleger uma torcida para o casal de protagonistas. Mesmo que um deles esteja no plano real e o outro, no espiritual. Algo próximo do que aconteceu em A Casa das Sete Mulheres, minissérie de Maria Adelaide Amaral e Walther Negrão. Na época, Rosário e Estevão, de Mariana Ximenes e Thiago Fragoso, se apaixonavam, mas o rapaz morria. No decorrer da trama, a jovem passava a ver o amado, a ponto de desejar morrer para encontrá-lo, o que fatalmente aconteceu.
Além de fortalecer a discussão sobre a inseminação, Jhin abriu espaço para explorar a transformação do ranzinza Ricardo, de Humberto Martins, em um saudoso pai e esperançoso futuro avô. Um prato cheio para que o ator, tão marcado em tipos sisudos, se mostrasse mais sensível. Uma prova de que Humberto pode mostrar mais que rugas franzindo a testa ou o comportamento bronco da maior parte de seus personagens.
A escolha de Nathalia Dill como protagonista, feita pela própria autora, também foi um acerto. Em seu terceiro trabalho, a atriz novata convence na pele da batalhadora Viviane, entre colegas que colecionam inúmeros trabalhos no currículo. Como Suzana Faini, a bondosa Antônia do folhetim. E Nathalia se sai ainda melhor nas sequências com Alexandre Nero, que encarna o vilão Gilmar. Os dois mostram uma química visível desde que roubaram todas as cenas no sexto capítulo da novela, quando começou a ser armada a farsa de Vitória, disfarce de Viviane na família de Ricardo. Outra parceria que se destaca é a de Zezé Polessa e Débora Falabella. Na pele das peruas Sophia e Beatriz, as duas exploram todos os exageros das personagens, que quase sempre conseguem beirar ao ridículo sem causar qualquer sensação de constrangimento para quem assiste. Tons bem acima, mas na medida certa para o contexto.
Escrito nas Estrelas – Globo – Segunda a sábado, às 18h.
Fonte: Terra Diversão
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